Se a execução da pena não estiver voltada para a recuperação de quem cumpre pena privativa de liberdade, melhor não prender. No Brasil, não se cumpre a função social da pena, que prevê a socialização do presidiário. Por que o cidadão foi condenado? Não basta dizer apenas que, com certeza, ele cometeu um delito. Precisamos saber porque a pessoa fez isto ou aquilo de errado, desrespeitando o direito do outro.

O infrator não soube, é certo, obedecer às normas que disciplinam a vida em sociedade. Não reunia, em suma, educação suficiente para conviver em comunidade. É indispensável, pois, educá-lo e socializá-lo, e atrás disso, vem uma gama enorme de obrigações, que não se pode desprezar.
Ai entra a alfabetização, como algo primordial, que dá suporte a outras exigências. Sabemos que 70% da população prisional é analfabeta ou semi-analfabeta. E, neste rol, estão aqueles que conseguem ler alguma coisa, sem no entanto terem noção do que leram.
E o Estado cuida disso?
É importante discernimento para conscientemente ter uma religião. E não se iludam, só a religião não recupera, mas sem ele fica pior ainda. A ignorância, em qualquer setor, é abominável, não serve! Só o trabalho, também, não elimina a criminalidade. As prisões estão cheias de gente especializada numa ou noutra atividade. E indispensável , pois, reunir essas e outras providências para recuperar o condenado, sem omitir a valorização humana. A auto-estima dessa gente é baixíssima!
O Método APAC prevê tudo, e com minudência. E dá certo? Claro que sim, apesar de, em certas APACs, o Método ser aplicado com deficiências. Doloroso é confessar, que aos poucos e, incansavelmente, estão deixando de lado preciosidades do Método APAC. Poucos cuidam da espiritualidade do corpo de voluntários, e onde estão os casais padrinhos? Existem APACs que não conhecem um cântico sequer do hinário apaqueano, que é parte importante da preparação do recuperando. Quando o condenado ganhava a liberdade condicional o coral cantava o hino da liberdade. Você já ouviu esse cântico, verdadeira exaltação a liberdade responsável?
Nos cursos de formação de gestores, e seminários de conhecimento do Método APAC, às vezes, cantamos “Estamos juntos” hino oficial da Entidade. É triste mais é verdade! Certa vez, depois de haver realizado 4 ou 5 Jornada de Libertação com Cristo, na Penitenciária de S.Paulo fui visitá-la e, antes, avisei o diretor, Dr. Luiz Gonzaga que, gentilmente, colocou a população prisional no Pátio Central. Eram 1.200 presos, todos cantando “Estamos juntos”, hino nacional da APAC. Fácil, calcular, quanta emoção senti, naquela tarde inesquecível. Não podemos jogar fora as nossas tradições!

Mário Ottoboni
(Fundador da APAC e inspirador de seu Método)

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9º CONGRESSO DAS APACs / 9º Congress of APACs