Meu nome é Andrew Johnson, sou sociólogo nos Estados Unidos, e estou fazendo uma pesquisa sobre o Método APAC e o papel da religião dentro do sistema penitenciário. No ano passado, eu tive a oportunidade de conhecer a APAC de uma ótima perspectiva – passei duas semanas dentro do regime fechado da APAC (uma semana na APAC de Perdões e outra na APAC de Itaúna).

Pude constatar com meus próprios olhos que a APAC é um instrumento de Deus, e tem o potencial de mudar o sistema penitenciário não somente no Brasil, mas servir como exemplo ao resto do mundo. Quando estava dentro da APAC, conversei com muitos recuperandos sobre o Método e as mudanças feitas em suas vidas (minha vida mudou depois do meu tempo lá também). Em nossas conversas, muitos dos recuperandos falavam das jornadas que tinham participado, como pontos de transformação. Eu não entendia por que tantos falavam sobre esta experiência. Fiquei pensando o que realmente seria uma jornada.

Então, este ano, eu fui à Jornada de Libertação com Cristo para as APACs, em Santa Luzia. Mais de 100 recuperandos de várias APACs e mais de 30 voluntários e dirigentes participaram da jornada. Foi uma experiência poderosa. Não tenho palavras para descrever todas as músicas que cantamos, as palestras que ouvimos e as comidas deliciosas que comemos. Mas três temas da jornada estão na minha cabeça até hoje: o amor de Deus, as consequências das nossas ações e a importância do povo de Deus no sucesso da APAC.

Por quatro dias assistimos a palestras e testemunhos, e eles eram fortes. As palestras enfocaram a profundidade do amor de Deus e explicaram quem é Jesus e que ele fez por nós. Os testemunhos dos ex-recuperandos que acompanharam as palestras, mostraram como Deus tinha mudado suas vidas, curado feridas e perdoado pecados. Estes testemunhos foram poderosos porque eles davam exemplos reais de como a pessoa pode mudar, e viver uma vida com Deus depois do cumprimento da pena. A presença dos ex-recuperandos mostrou como Deus está usando a APAC pra fazer o trabalho dele aqui na terra.

Os recuperandos (e eu também) tiveram de confrontar as consequências das ações passadas, o comportamento dentro da APAC no presente, e como levar a jornada para o futuro. A meditação sobre reconciliação foi muito importante; os recuperandos puderam refletir sobre suas vítimas diretas e indiretas, suas famílias. Durante este tempo, muitos choraram quando pensaram nas mães, pais, filhos e esposas, que tinham sofrido muito por causa das decisões que tomaram. Foi um momento muito difícil pra muitos, mas nos grupos de discussão que seguiram as palestras, eu ouvia de muitos, a decisão de pedir perdão às suas famílas pelo sofrimento causado. Eu também ganhei uma nova perspectiva da minha família, e fiquei grato por eles.

Outra coisa que me impressionou foi o espiríto de serventude que eu percebi durante a jornada. Eu não tenho a menor noção sobre a quantidade de horas dedicadas por todos aqueles que fizeram esta jornada acontecer. O pessoal da FBAC, os gerentes e voluntários, os ex-recuperandos que voltaram pra assistir a jornada e os recuperandos da APAC de Santa Luzia, que tanto colaboraram no preparo das refeições, na parte de limpeza em geral e em outras tantas partes.

Até hoje não tenho palavras para descrever tudo o que vi e senti, nem tudo que Deus fez nas vidas dos recuperandos. Mas eu sei que os frutos da Jornada de Libertação com Cristo 2010 em Santa Luzia serão colhidos nas semanas, meses e anos vindouros. Quando a jornada terminou, eu liguei para minha família nos Estados Unidos. Eu falei que não teria como explicar tudo naquele momento (a ligação ficaria muito cara), mas adiantei que o que vivi nestes dias em Santa Luzia foi uma das maiores manifestões do amor de Deus que eu tinha visto na minha vida.

 

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9º CONGRESSO DAS APACs / 9º Congress of APACs