Matias Barbosa deu mais um importante passo no sentido de tornar realidade a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) no município. Com a realização do I Seminário de Estudos sobre o método apaqueano, que objetivou difundir a metodologia e angariar voluntários, ocorreu uma intensa mobilização da sociedade matiense, que compareceu ao Salão do Júri no Fórum da Comarca de Matias Barbosa nos dias 20, 21 e 22.
by marcelo
Após Audiência Pública ocorrida em julho do ano passado, visita à APAC de Itaúna em agosto e posterior Assembléia na qual foi instituída a Associação, foi realizado o Seminário, seguindo as etapas necessárias à concretização da APAC. Na abertura do evento, na sexta-feira, dia 20, o Prefeito Luiz Carlos Marques garantiu que a Prefeitura Municipal não medirá esforços no sentido de viabilizar a criação da APAC no município, dada a relevância social do projeto. Outro engajado na causa e membro da APAC é o Juiz de Direito da Comarca, Dr. Alcino Waldir Leite, que considerou o momento de extrema importância, pois promove o resgate social dos presos, que atualmente não possuem uma condição digna para o cumprimento da pena em razão da falência do sistema prisional. “Em mais de 20 anos nesta Comarca, considero este o momento mais importante e a APAC veio justamente para suprir essa ausência do estado, que não oferece uma condição mínima para a recuperação desses condenados”, constata.
No sábado e no domingo, cerca de 40 participantes do evento puderam vivenciar a experiência trazida por alguns membros da APAC Itaúna e da FBAC – Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados, entre eles o testemunho de Wellington Silva, ex-recuperando e hoje educador social na entidade e secretário administrativo da FBAC. “Estamos em Matias Barbosa por um motivo muito nobre, que é atuar na recuperação dos presos. E para que a APAC possa dar certo é necessário o envolvimento de toda a sociedade. Para ser voluntário na APAC é preciso ter um comprometimento muito sério e responsável com a causa, pois vocês vão lidar com pessoas que cometeram um mal para a sociedade, mas nem por isso esta pessoa é irrecuperável, como diria Mário Ottoboni, idealizador do método e fundador da APAC. Enquanto que no sistema prisional comum, que não recupera ninguém, a reincidência no crime é de mais de 90%, no sistema apaqueano essa reincidência não chega a 10%”, compara. Durante o evento foram compartilhados momentos de oração – um dos pontos altos na recuperação do transgressor, que faz com que ele busque o arrependimento e procure mudar de vida – , apresentado um histórico da APAC, exibido um vídeo relatando a situação degradante dos presídios brasileiros, uma afronta a Lei de Execução Penal, que prevê uma condição digna para o cumprimento da pena, mas que na prática não se efetiva.
Além disso foram elencados os tópicos necessários para trabalhar a ressocialização do recuperando, entre os quais destacamos a participação da comunidade e da família, o trabalho (na instituição o recuperando tem a oportunidade de exercer um ofício conforme suas aptidões), a assistência jurídica e à saúde, o Centro de Reintegração Social e a Jornada de Libertação com Cristo. Wellington lembrou da importância do voluntariado não fazer acepção de pessoas, pois a APAC não faz exclusão, mas sim inclusão. “O voluntário precisa ter disponibilidade, coração aberto, humildade, capacidade de reflexão e sensibilidade para mudar. É preciso se colocar no lugar do preso e vivenciar o verdadeiro amor cristão”, afirmou.
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