Uma experiência que acontecia somente no exterior (Chile, EUA, Costa Rica, Noruega, Hungria etc.), agora se torna realidade no Brasil.

O fato está acontecendo no presídio IPP00II em Fortaleza/CE, sob a iniciativa da Dr.ª Ruth Leite Vieira, diretora daquela unidade prisional. Tudo teve início quando a Dra. Ruth e o diretor de disciplina do presídio visitaram a APAC de Itaúna/MG. Profundamente tocados com o que puderam observar, tomaram a decisão de aplicar parcialmente o Método no IPP00II .

 

Inicialmente, decidiram separar um dos dez pavilhões para começar a experiência e após algumas reformas físicas e serviços de pintura, divulgaram a proposta da APAC entre os mais de 500 presidiários. Em meio a desconfianças e ceticismos, 30 internos manifestaram o desejo de se transferirem para o pavilhão 4, que dali em diante passaria a ser denominado Pavilhão da APAC. “Este projeto chegou num momento bom da minha vida, passei a amar o próximo como a mim mesmo”, relata André Luiz Alves de Lima, condenado a 11 anos. Segundo o recuperando Anjeferson Lima dos Santos, não foi fácil tomar a decisão de se transferir para o Pavilhão da APAC. “Mexemos com a mente do restante da cadeia, foi como se estivéssemos cometendo o pior erro dentro do crime. Sofríamos perseguição por parte de alguns agentes policiais, ameaças de morte. O clima ficou tenso, muitos desistiram com medo de morrer”.  Da mesma forma Dr.ª Ruth diz que para muitos ela estava se passando por doida.

 

Dois meses após o início dos trabalhos, o pavilhão foi visitado pelo Dr. Valdeci Antônio Ferreira – Diretor Executivo da FBAC, que avaliou positivamente a experiência. “ Apesar dos limites que a experiência oferece, não deixa de ser um avanço no processo de humanização do cumprimento da pena, embora o espaço próprio denominado CRS – Centro de Reintegração Social – seja essencial para a aplicação do método nos moldes das 31 APACs que já funcionam sem polícia, não se pode “prender” o espírito e consequentemente “engessar” o método APAC a uma única forma de aplicação” , disse. Com uma rotina diária de atividades (oração, trabalho artesanal, estudos, cursos etc.) e através da aplicação parcial da metodologia, com ênfase na valorização humana, aos poucos o trabalho foi ganhando espaço com o envolvimento dos funcionários do setor administrativo, corpo técnico e agentes penitenciários, de maneira que atualmente o método já vem sendo aplicado parcialmente em três pavilhões, representando um total de 150 recuperandos. Cada um dos três pavilhões já possui um CSS – Conselho de Sinceridade e Solidariedade. As chaves das celas ficam em posse de recuperandos de perfil e vivência criteriosamente analisados.

 

Nos dias 04 e 05 de novembro de 2010, sob a coordenação do Dr. Valdeci Antônio Ferreira e Roberto Donizetti de Carvalho – Gerente Administrativo da FBAC, foi realizado o primeiro Curso de Conhecimento do Método APAC para recuperandos, com a participação efetiva de um grande número de voluntários, técnicos e agentes penitenciários.

 

O jeito diferente de aplicar o método APAC tem alcançado vários recuperandos. “Me sinto tratado como ser humano, apto para voltar à sociedade. Comecei a enxergar novas oportunidades de recomeço, reconstruir minha família e ter um trabalho digno. De me tornar um exemplo a ser seguido” , relata Roberto de Paula Sampaio, recuperando do pavilhão APAC.

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