Sábado, 14 de fevereiro de 1981, por volta das 13 horas, o Dr. João Crysóstomo de Oliveira Campos, á época Delegado de Polícia de São José dos Campos, telefonou para a residência de Dr. Mário Ottoboni, e, visivelmente emocionado fez um dramático apelo para que ele fosse em companhia do Dr. Franz de Castro, à Delegacia de Policia de Jacareí onde uma rebelião de presos, preocupava a todos pois mantinham dois policiais civis e um militar sob a mira de revolver, ameaçando matá-los se não houvesse cooperação das autoridades para o êxito da fuga que pretendiam.

Na oportunidade, no destacamento do Corpo de Bombeiros de Jacareí, encontrava-se o Juiz de Direito daquela cidade, Orlando Pistorezzi, que coordenava o trabalho de libertação dos reféns.

Com a chegada de Franz de Castro Holzwarth e Mário Ottoboni, ambos dispostos a mediar os acontecimentos, para um término feliz, o Dr. Juiz de Direito citado, após manter o encontro reservado com os dois cidadãos mencionados, fez ligação telefônica com a Delegacia de Policia e anunciou ao preso líder da rebelião, que a exigência dos rebelados seria atendida, pois já contava com a presença de Franz e Mário, para que em duas turmas os presos deixassem ileso o local.

Nesse momento, o então Prefeito de Jacareí, Sr. Benedito Sérgio Lecione, cedeu o carro oficial da Prefeitura para que fosse levado a efeito o primeiro transporte. Antes, porém, as autoridades presentes deram garantia que a saída dos presos e reféns dar-se-ia de forma tranqüila, sem qualquer molestação e hostilidade.

A primeira turma deixou o local em companhia do Sr. Mário Ottoboni, que dirigia o veículo e dois reféns civis. A empreitada foi bem sucedida com o retorno ao local da rebelião de Mário Ottoboni e dos dois reféns.

Permanecia, entretanto, no local o Dr. Franz de Castro Holzwarth, um policial militar, último refém e mais alguns presos.

Como a situação se agravava com risco eminente de trágico desfecho, e como ninguém, se dispunha a levar o segundo veículo onde estava Franz de Castro, Mário Ottoboni, embora com sério risco de vida, prontificou-se a levar um carro modelo Belina, mas a Polícia Militar, naquele momento exigia, que o último refém fosse liberado no local dos acontecimentos, e que o advogado Franz de Castro o substituísse, passando a figurar de mediador a refém.

Como o advogado não era motorista, um dos presos amotinados assumiu o encargo de dirigir o veículo. Entregaram, então, a Mário Ottoboni, o policial militar refém para que a operação se realizasse normalmente.Ottoboni entregou a chave da Belina ao preso e deixou a linha de fogo com o último refém.

Quando isto aconteceu, o preso motorista ao contornar o veículo, para dirigi-lo, foi executado com vários tiros, embora se apresentasse com as mãos para o alto, simbolizando paz.

Neste momento Franz e os outros presos já estavam dentro do carro. De repente, um inexplicável e intenso tiroteio dominou o ambiente, que resultou na morte de Franz de Castro Holzwarth, que fora atingindo por mais de trinta projéteis. Belina XI 7752, depois do tiroteio.

Todos os demais ocupantes da Belina, seis presidiários morreram no local. Assim consumou-se a tragédia que transformou o companheiro de ideal cristão, em mártir.

Franz de Castro vitimado no tiroteio de Jacareí.Franz de Castro vitimado no tiroteio de Jacareí.

Pai de Franz de Castro sai amparado do local do tiroteioPai de Franz de Castro sai amparado do local do tiroteio

Na época, o Bispo da Diocese de São José dos Campos, hoje Cardeal Dom Eusébio Oscar Scheid, Arcebispo emérito do Rio de Janeiro, assim se manifestou sobre o episódio: “Recordar a figura e as atitudes de nosso amigo mártir, suscita em nós todos, o desejo de seguir-lhe os passos no campo da difícil pastoral carcerária. Ele, que deu a vida em prova do amor maior (cf. Jo 15, 13), nos encoraje, ilumine e nos fortaleza neste propósito!”

Até agora ninguém sabe quais foram as causas da rebelião. A cadeia pública de Jacareí estava com 69 presos, mas só comportaria 50, no máximo. Mas as autoridades acham que não foi essa a causa. Inclusive o delegado Juzrez dizia à imprensa que “eles tinha tudo aí dentro. Não sei porque se rebelaram”.

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