A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados de Conselheiro Lafaiete (Apac-CL) inaugurou na sexta-feira, dia 11, a escola que recebeu o nome de “Escola ‘Apaqueana’ Senhor Silvio Augusto da Silva”. Essa conquista foi alcançada graças ao engajamento e mão de obra dos recuperandos que são atendidos pela entidade. “O conhecimento é um instrumento importante de transformação e hoje, nesse projeto de parceria com a secretaria de estado de Educação, por meio da escola estadual professor Astor Vianna, nós, da diretoria, consideramos um grande passo para que possamos, a cada dia, devolver para a sociedade um cidadão multiplicador, que possa, de fato, intervir nas mazelas sociais, provocando uma diminuição na criminalidade”, afirma Marco Antonio da Silva (major Marco Antonio), presidente da Apac-CL. Ainda de acordo com o major, todas as Apac’s de Minas Gerais estabeleceram um convênio com a Secretaria de Estado da Educação. Em Lafaiete, o projeto de extensão ficou a cargo da escola Astor Viana, para que os recuperandos tenham acesso à educação de qualidade.

“Esse momento da inauguração nos motiva para continuarmos o trabalho, que requer esforço e dedicação, mas sendo pautado sempre no amor, na amizade e no respeito. A motivação é também pelo resultado que temos como retorno de todos os recuperandos”, conta Ricardo Emanuel Nonato, vice-presidente da Apac. A nova escola representa um marco importante na história da entidade, beneficiando 80 recuperandos do regime fechado e, tão logo, também atenderá os regimes semiabertos ou abertos. Esses recuperandos poderão estudar na escola da Apac, já aqueles que alcançarem o regime aberto, a prisão domiciliar ou a condicional podem dar continuidade ao curso na escola Astor Vianna. Eles têm a oportunidade de se formar, e quando saírem, estarão mais bem preparados para realizar outros cursos. Atualmente a Apac atende a 140 recuperandos, sendo 80 do regime fechado e o restante do regime semiaberto.

“Então, como se diz, é melhor construir escolas do que presídios, e nesse caso construímos uma escola dentro de um estabelecimento prisional, justamente com o objetivo de reforçar a recuperação. É um ato muito importante e que não é comum acontecer. Estamos conseguindo isso para a Apac, e sabemos que é de grande importância para a formação dos recuperandos em beneficio da própria sociedade, que vai receber essas pessoas em melhores condições do que quando elas entraram aqui”, disse Paulo Roberto da Silva, juiz da Execução Penal e da 2ª Vara Criminal, acrescentando que toda a mão de obra utilizada para a construção da escola foi dos recuperandos, sendo que a única retribuição que eles têm é a remissão de pena. Para cada 3 dias trabalhados eles reduzem 1 dia na pena.

A Apac-CL é uma ferramenta restauradora e que desempenha um papel social diferenciado. Por meio de atividades educativas, espirituais e disciplinares, a instituição tem sido capaz de transformar detentos em recuperandos porque valoriza a dignidade do ser humano e os instruem a se tornarem pessoas melhores. Como é o caso de Ricardo Ramon Souza Moreira, recuperando da Apac em regime fechado, e também presidente do Conselho Sinceridade e Solidariedade. “A Apac não muda ninguém, mas ela nos dá as ferramentas para mudar. Com certeza eu não cometeria o mesmo delito. Trabalhamos à base do amor e da confiança. Por exemplo, eu estive no sistema por 3 anos e 4 meses. O presídio abre a porta e te joga na rua, então você já sai de lá tendo que lidar com a discriminação que existe na sociedade. Na Apac não é assim. A pessoa sai reintegrada na comunidade, e às vezes, até com emprego garantido, pois somos ajudados no reposicionamento no mercado de trabalho”, disse e acrescenta que quando terminar de cumprir sua pena continuará a trabalhar na Apac como voluntário ou funcionário, porque acredita que pode fazer da sua experiência um testemunho positivo para a recuperação de outros. “Temos uma frase que nos inspira aqui na Apac, que diz: ‘todo homem é maior do que seu erro’. Então se nós tivéssemos o poder de analisar o homem por dentro e por fora ninguém se diria inocente. Erramos, mas estamos nos redimindo para encarar a sociedade novamente”, conclui.

 

SILVIO ALGUSTO DA SILVA

O nome Silvio Augusto da Silva foi escolhido para a escola da Apac-CL por uma razão, uma forma de prestigiar e manter na lembrança o nome da pessoa que ajudou a entidade a crescer. Segundo o major Marco Antônio “O senhor Silvio da Linhazinha foi um dos primeiros parceiros da Apac, fez parte da diretoria, não só desenvolveu um trabalho importante no início da construção da Apac, doando a máquina de blocos, doando forma de vigas, betoneira, ele também fez o seu papel social na instrução dos recuperandos. Nós homenageamos o senhor Silvio justamente por tudo que ele significou para a região da Linhazinha, e para a criação do bairro Nossa Senhora da Guia. Ele sempre foi padrinho, irmão, pai, juiz de paz, e as pessoas sempre recorreram a ele, porque sempre tiveram uma resposta. Hoje o senhor Silvio está no oriente eterno, festejando e ajudando na espiritualidade no que pode, mas nós reconhecemos o trabalho dele aqui. Esta é, de fato, uma justa homenagem por tudo que ele significou para Apac e para as comunidades onde ele viveu” relata.

 


Notícia enviada por Rafaela Melo, no dia 30/03/2016

Fonte: Jornal Correio

 

Fotos enviadas por Hélida Inácia, APAC de Conselheiro Lafaiete

 

 

 

 

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