No dia 14/10 a equipe da FBAC realizou um retiro espiritual assessorado pelo Tio Mauricio – agente da Pastoral do Menor e do Povo de Rua, objetivando refletir os últimos acontecimentos, em especial o falecimento do funcionário Vinicius Sanches, jovem de 21 anos que morreu tragicamente em um acidente de carro, bem como planejar as ações da FBAC para os últimos meses de 2013.
“Jesus nunca quis ser adorado, mas seguido, e para este seguimento Ele espera contar com pessoas ousadas, corajosas e despreendidas. Jesus Cristo veio para que todos tenham vida e a tenham em plenitude. Ele abriu seu olhar para o mundo, e no mundo dirigiu o seu olhar para a vida dos sofredores. Jesus quer incluir a todos, para que ninguém se sinta sozinho e para que ninguém fique à margem do caminho. O coração da FBAC é o coração de todos aqueles que buscam os que se encontram na marginalidade, em especial os presos. Nossas palavras, gestos, olhares e silêncio devem tocar as pessoas. Devemos nos sentir “um” com Jesus. Ele é a nossa fonte de inspiração para nos levar ao encontro dos outros. Neste discipulado, o nosso amor deve ser purificado. Na FBAC encontramos um lugar onde podemos colocar o nosso amor, e a caminhada da FBAC, entre altos e baixos, tempestades e calmarias, alegrias e tristezas, é que vai purificar este amor. Devemos ter um coração aberto para as dores do mundo, sabendo que “todas as manhãs o Senhor nos acorda como discípulos” (Isaías 50, 4). Neste sentido os presos ganham dentro de nós um destaque em nossas paisagens internas. Se o Vinicius pudesse nos falar agora o que ele nos diria? “Não desistam!”, “Não deu para mim, mas existem os outros”, “Não se deixem dobrar pelas forças contrárias do desânimo, do desencantamento, da tristesa, do fracasso”, “A minha vida foi uma semente no caminho da FBAC, que bom que vocês estão juntos”.
O que salva as pessoas não são as ideias, não são os conceitos, não são os pensamentos, é o amor. Quando ficamos perdidos nos pensamentos, tentando encontrar respostas, corremos o risco de perder o trem da historia. Não podemos ser absorvidos ou tragados pelo fascínio dos pensamentos. Não são conceitos, dogmas ou doutrinas que salvam. É o amor. Não podemos ter medo. A FBAC não é uma ideia, é uma força que vem de Cristo, Ele é a Fonte que nos move, vai além do numero de pessoas que somos na FBAC. Diante da morte nada sabemos. Deus sabe em nós. Não podemos ficar reféns de perguntas que não terão respostas.
Mais do que nunca, a nossa presença nas APACs daqui para frente não pode ser de qualquer jeito. O voluntário, o funcionário, ou o recuperando, aquele que vem na solidão, querem encontrar em nós uma acolhida, um gesto de ternura, de cuidado. O esforço do caminho, aliado às nossas fragilidades, incoerências, questões mal resolvidas e cansaços, parecem estar além de nossa capacidade humana. Por esta razão devemos nos colocar aos pés da cruz assim como Maria, na certeza de que a aurora do dia irá clarear as trevas da noite. Acreditar sobretudo na força da ressurreição e na certeza de que “como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam sem terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar dando semente ao semeador e pão ao que tem fome” (Isaias 55, 10).
Não é fácil manter a chama do entusiasmo acesa, sobretudo diante da dor, da desolação, da tristeza, da falta de perspectiva… Mas na nossa caminhada, inevitavelmente seremos surpreendidos por ventos violentos que nos desalojam, desinstalam e tudo destrói, mas depois vem a calmaria, afinal não há noite que dure para sempre. Se você decide entrar para o caminho de Deus, e este é o caminho de todos aqueles que estão envolvidos no projeto das APACs, se prepare para o sofrimento (Eclesiastes). O cotidiano é o que nos prepara, é ele o lugar de nossa espiritualidade e discipulado. Então devemos agradecer a Deus pela vida do amigo Vinicius, porque tivemos a alegria de partilhar de sua existência. Nisto agradecemos a Deus, porque Ele regou, com a vida do Vinicius, nossos momentos, porque fertilizou o chão e preparou a mesa de nossos afetos. Estes momentos se tornaram eternos. A nossa gratidão a Deus por ter nos dado este irmão que caminhou conosco, ainda que por pouco tempo, e se nós nos determos em algumas memórias, estas memórias estarão carregadas de emoção, serão eternas e cheias de esperança, nos inspirando e nos renovando. Este é o jeito de Deus agir em nós. Neste sentido, o irmão ausente acrescenta, nos dá ainda mais forças para continuar seguindo. Agradeçamos a Deus porque não temos mais somente uma gota de água. Agora temos um oceano inteiro, que é o amor infinito e eterno de Deus Pai em nós.”
No final do retiro, todos os funcionários da FBAC fizeram uma justa, simples e comovente homenagem ao companheiro que partiu deste mundo e voltou para os braços do Pai.

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