Dr. Paulo Antonio de Carvalho, Juiz de Direito da Comarca de Itaúna/MG e atual presidente do Conselho Deliberativo da FBAC, fala um pouco da tragetória do Método APAC e das perspectivas para o futuro em entrevista [Exclusiva], para o Portal FBAC, confira.

APAC`s em Notícias: Há mais de 20 anos o Sr. teve o primeiro contato com a APAC. O que mais lhe surpreendeu no primeiro contato com a equipe e a Metodologia da APAC?

 

Dr. Paulo Antonio de Carvalho: Há mais de vinte anos, os tempos eram outros. Mas naquela época, como hoje, a surpresa foi de encontrar uma idéia inovadora, na prática, na execução penal. E o que mais me chamou a atenção a atenção foi a gestão do presídio pela comunidade, com participação dos presos, a cuidarem da disciplina, da segurança e das atividades administrativas do estabelecimento e guardando, inclusive, as suas chaves. No tocante à equipe, chamou-me a atenção o seu envolvimento e a sua dedicação à causa do preso, no sentido de dar todas as condições para a sua recuperação, tratando-o como irmão, como até então não tinha visto.

 

AN: Qual o maior desafio que enfrentou ou tem enfrentado a respeito do Método APAC na sua comarca?

 

Dr. Paulo: O maior desafio foi e continua sendo vencer a resistência e o preconceito da sociedade em relação ao preso e a convencê-la a participara do trabalho para sua reeducação. É importante destacar, neste ponto, que o criminoso não nasce de geração espontânea, mas é produzido pela sociedade, pela família, pela escola, etc, que falhou em sua missão de educar. Assim, cabe a essas entidades participarem da busca de solução do problema que ajudaram a criar.

 

AN: Como Presidente do Conselho Deliberativo da FBAC, quais são os desafios e possibilidades que aparecem na perspectiva de ampliação das APACs, principalmente em Minas Gerais e no País?

 

Dr. Paulo: O desafio é, em primeiro lugar, o de levar à APAC a todas as comarcas do Estado e do País, para o quê têm contribuído muito o trabalho do Projeto “Novos Rumos na Execução Penal”, do Tribunal de Justiça do Estado, e o apoio do Executivo Estadual, através da Secretaria de Defesa Social e, em segundo lugar, de dar suporte a essa expansão, preparando gestores, recuperandos e comunidade, para desempenharem bem o seu papel, de maneira responsável. Essa é, no meu entendimento, a tarefa da FBAC, pois não basta implantar APACs, mas é fundamental que se lhes dê assistência, para que não sucumbam às dificuldades diárias, que são muitas.

 

AN: Como Juiz de Direito e Presidente do Conselho Deliberativo da FBAC, que mensagem deixa aos Juízes das comarcas que estão fazendo este primeiro contato com o Método dos quais muito depende o sucesso das novas APACs.

 

Dr. Paulo: A mensagem que, como Juiz mais velho e mais vivido, tenho procurado passar aos colegas mais novos é que, temos hoje, como opção, a de nos engajarmos nesse projeto de humanização da execução da pena privativa de liberdade, através da APAC, em primeiro lugar, por um dever cristão de dar ao preso um tratamento de irmão, segundo o mandamento de Cristo; em segundo, pois, só assim estaremos cumprindo o compromisso de posse de aplicar o Direito e realizar a Justiça; em terceiro, pois, agindo desta forma, estaremos concretizando a nossa missão de pacificação social, e por último, para estarmos pacificados com nossa consciência, pelo dever cumprido.

Categories:

Comments are closed

9º CONGRESSO DAS APACs / 9º Congress of APACs