O voluntariado, celebrado no dia 28 de agosto, é de extrema importância para a metodologia APAC, sendo, inclusive, um elemento do Método. Desse modo, realizamos algumas entrevistas especiais com voluntários que servem à causa das APACs, que vão ser publicadas ao longo das próximas semanas.

O primeiro voluntário convidado foi Antônio Carlos de Jesus Fuzatto, atual presidente das APACs de São João del-Rei, em Minas Gerais. Ele conheceu a metodologia APAC há cerca de 15 anos e, de lá para cá, vem colecionando histórias emocionantes e muito aprendizado.

Confira nossa entrevista.



Conte um pouco de sua história para a gente, como começou seu voluntariado nas APACs?

“Nos anos 70, eu fiquei preso, fui um preso político. Isso durou 2 anos e foi muito duro para mim; aí falei: quando eu sair da cadeia, vou ajudar os presos que sofrem com isso. Então, depois desse período preso, eu saí e comecei a participar da Pastoral Carcerária. A gente visitava presos do sistema comum, levava roupas e comida, no natal a gente fazia cachorro quente. Passei alguns anos fazendo isso, foi quando, em 2005, eu conheci o trabalho das APACs através de um convite da Dra. Rosângela e do Programa Novos Rumos. Nessa oportunidade, assisti a um vídeo que mostrava o trabalho na APAC de Itaúna/MG, gostei muito e fui convidado para visitar a unidade. Voltei de lá pensando que a gente precisava fundar uma APAC em São João, então criamos a APAC em 2005 e já são mais de 15 anos nessa história desde a fundação. Hoje temos as unidades masculina e feminina que somam um total de 430 recuperandos e recuperandas.”

Por que fazer voluntariado?

“O Poder Público, seja ele municipal, estadual ou federal, não dá conta de resolver todos os problemas da sociedade sozinho, como cuidar de idosos, cuidar de crianças, cuidar de presos. Então, aí surgem as instituições sociais para preencher essa lacuna e o voluntariado é essencial para elas. Veja o exemplo das APACs, elas não conseguiriam funcionar sem o papel do voluntário. Por isso, eu incentivo todos a serem voluntários.”

Qual o papel do voluntário na APAC?

“O papel dele sempre vai ser o de ajudar a suprir aquilo que o Estado não dá conta, e isso é muito interessante. Você não ganha nada pelo trabalho, você vai lá fazer o que você quer. O serviço voluntário é feito com amor e carinho.”

Qual foi o aprendizado mais importante em sua jornada como voluntário?

“O que eu aprendi mais importante nessa jornada como voluntário foi a metodologia. Entender que você pode cumprir pena de outra forma e não só no presídio. Com isso aprendi muito sobre as relações humanas; o que eu posso fazer enquanto sociedade, enquanto ser humano? Como fazer com que as pessoas cumpram suas penas com mais dignidade? E é isso que eu quero. Pude também ter o privilégio de ensinar a muitos jovens que a vida no crime não compensa.”

O que você diria às pessoas para incentivá-las ao voluntariado?

“Eu digo que vale a pena, porque nossa vida é passageira e nós temos que fazer coisas boas, que acabam voltando também. A maior gratidão é ver pessoas, seres humanos, vivendo uma outra forma de vida depois do cumprimento da pena. Ver pessoas que ninguém daria nada por elas, mudando de vida, melhorando. Essa é a grande recompensa.”

 

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